editorial/desdito

+++ O livro Vocabulário político para processos estéticos já está on line aqui

 

// editorial curto

 

Para ler em voz alta

Como falar dos processos estéticos que nos transformam em nossos cruzamentos com a política?

Como nossos vocabulários se cruzam uns aos outros o tempo todo?

O Vocabulário político é um projeto que deseja  abrir espaço para falar sobre essas questões. Deseja criar espaço para pensar os cruzamentos e as intersecções no vocabulário que construímos  junto a nossas práticas políticas, artísticas, sociais. O Vocabulário político deseja abrir espaço para falar a partir do que fazemos, e falar a partir do que desejamos fazer. Falar de como criamos e como criamos na política. Não a política como o espaço inacessível do poder, mas a política a partir de nossas vidas e nossas coletividades, em direção a uma política do comum. A estética aqui é proposta como a maneira de acessar os processos de transformação que experienciamos no sensível, a partir do que vivenciamos, percebemos e expressamos, sensibilidade não fechada quando os processos da política estão vivos em nossos corpos. O político do vocabulário é então o espaço de implosão de duas formalizações: uma delas a da individualidade (do falar sozinho, e da autoria) e a outra a da política como espaço que apenas poderíamos acessar com vocabulários específicos ou com formas já conhecidas. Para abrir esse espaço de implosão falar em excesso é produtivo, falar em excesso e ouvir, claro. E colocar-se disponível às ruas, aos encontros, às assembleias, aos momentos que nos desorientam na arte, na política, no trabalho, na vida íntima. É produtivo abrir um espaço de escuta, de disponibilidade para outros assuntos, outras abordagens, outros pontos de vista e outras perspectivas.

Mas a política como espaço de transformação é também o espaço do encontro, da identificação, da sintonia, de ritmanalizações… Pelo desejo de interseccionar nossos vocabulários e fazer encontrar os que tomam parte nessa conversa, na passagem de um espaço para outro – do projeto que aconteceu no Rio para você leitor falante e seus vocabulários – , trabalhamos nos últimos meses na construção de um vocabulário escrito, um para-além-de-um-glossário. O Vocabulário político passa então pelo crivo da escrita como espaço de experimentação de outros espaços de fala, e de outras táticas de intervenção em nossos vocabulários, atravessada por corpos vivos, em composição. O vocabulário de escritas que surgiu deseja participar da leitura em voz alta, e de uma fala mais solta, que encontre o espaço imprevisível do pensamento, que passe para além da configuração das palavras que já significam nossas práticas, para produzir novos ritmos, e para compor com nossas coletivações, sem deixar de abrir outros sentidos em processo, em processamento.

O Vocabulário na sua forma escrita, organizado em ‘entradas’ passou pelas amarras da escrita, do exercício intrínseco e às vezes árduo dos conceitos e dos discursos, que pode recair em estéticas mais formalizantes, aquelas que se aproximam das enciclopédias e dos dicionários. Acessamos essas formalizações para com elas retomar um espaço de fala, de criação. O espaço que o vocabulário quer provocar é, portanto, um vocabular em voz alta como parte de um processo analítico (ouvir a si e ao outro, ouvir outros) e colocar-se a par de como falamos, com quem falamos. Por isso a proposta que trazemos a você(s) leitor-falante é a de ler em voz alta, de abrir junto o espaço de politização dos nossos vocabulários, de composição que, como espaço de experimentação, se faz estético.

O Vocabulário por isso se torna vocabulinário, espaço de promiscuidade da língua, da criação e da política. Espaço de roçamento, de esfregamento dum modo de falar com outro, e dos outros com os outros, e consigo mesmo. Da ideia de que a palavra ocupa o corpo – ou é o corpo todo que ocupa-se das palavras – vem a percepção de um corpo plural, que entre em uma tal ritmanalização constitutiva com nossos processos vitais, sociais, existenciais, criativos.

Cristina Ribas

 

// editorial longo

 

desditorial
Vocabulário político para processos estéticos

Cristina Ribas

/ Encontros
   / Como o Vocabulário-livro é organizado
     / O que o Vocabulário político quer fazer?
       / Vocabulinar não se faz só
         / Entre aprender e produzir
          / Fazer um vocabulário?

 

desditorial

Depois de 300 páginas de livro, mas de um livro-invenção que é como esse se propõe e como eu digo mais para baixo, me pergunto: ainda é necessário escrever mais? Ou dizer mais? Para mim, como organizadora, catalizadora, vocabulinária e escritora nesse projeto é como se cada entrada fosse um editorial ela mesma, como se cada entrada do Vocabulário político fosse uma introdução e uma apresentação, como se cada uma delas abrisse à sua maneira um acesso ao livro-todo.

O Vocabulário político é um livro-invenção, um livro como espaço de escuta e espaço de leitura, em voz alta, de um vocabulário comum, ou de um vocabulário endereçando um comum, produzindo um comum, repleto de singularidades. Eu mesma já escrevi em Excesso, escrevi demais, a partir do que conversamos e diagramamos no Rio de Janeiro, a partir de um desejo de falar do que me parece urgente e daquilo com o qual me envolvo hoje em dia, individual e coletivamente.

O desditorial vem, então, – seguindo a ideia de que há várias maneiras de ler, de escutar e de entrar nesse espaço de intervenção em nossos vocabulários – , fazer o meio de campo entre falar do que o projeto Vocabulário político tinha por desejo incitar e falar do que temos aqui, em mãos – por isso, um desditorial. Por isso, o editorial/desditorial apresenta o projeto na sua ideia, traz um tanto de referências conceituais e também relata um pouco do que aconteceu nos encontros presenciais no Rio de Janeiro em Abril de 2014. O editorial é assinado em primeira pessoa por essa razão, porque é a minha voz expressando meus pensamentos e meus desejos, e meu ponto de vista a partir do que criamos. Percebo, contudo, que  esses espaços da concepção (e conceitualização) do projeto e um ‘o que aconteceu’, assim como um ‘eu’ individualizado do coletivo, são dois momentos difíceis de separar, já que ambos se misturam, e não tem cada um um ponto de origem neutra. É estranho também escrever sem a Sara e sem a Inês, que o tempo todo estão junto no pensamento desse projeto, e sem a Priscila, que desenhou o livro, e que o conhece em cada micro-espaço, algoritmo e cada dígito. Ao mencioná-las aproveito para agradecer e para conjurar a falar junto. Vou dizendo junto com elas que essas aparentes diferenciações individual/coletivo e antes/depois se dirigem novamente, na minha percepção, a um vocabulário comum, e aos processos de intervenção e criação dos vocabulários.

O contexto a partir de onde o desejo de realizar esse projeto surgiu é, em grande parte, o ciclo de manifestações que o Brasil começou a viver a partir de Abril de 2013, ciclo intensificado entre os Junhos, de 2013 a 2014, com a realização da Copa do Mundo no Brasil, e com a visível opressão do estado e incremento da violência por parte da Polícia Militar no movimento que vem surgindo desde então. O Brasil que se conhece pelas ruas desde os levantes de Junho – nesse “ano que não acabou” – explicita tanto o surgimento de novas expressões, ações e táticas de criação e resistência, como o aumento do trânsito e do tráfico dessas expressões. O brasiu da Tarifa Zero. O Brasil que se conhece nas ruas é um brasiu menor, exaltado contra o poder opressor de um estado que busca crescimento econômico a todo custo, mas cujas minorias vêm sendo definitivamente eliminadas – como eu escrevi em Brazil | brasiu | Brazis.

Como parte de uma tática temporalizada, o Vocabulário político se endereça aos espaços comuns afetivos e ativos das ruas e das assembleias, das reuniões e das partilhas, um processo político social que não vejo/vemos como encerrado. Percebo que os encontros e os eventos que caracterizam esse movimento (é preciso estar no movimento para engajar-se nas suas linhas emergentes) trabalham os vocabulários a partir de uma intersecção entre a política, a língua, a linguagem e a criação, em que processos estéticos estão sendo produzidos a todo o momento. Nesse sentido, o desejo do Vocabulário político, é produzir mais uma estratégia em meio a esse espaço produtivo ou nesse estado de movimento. O Vocabulário político, como criação de um espaço de fala sobre os vocabulários, quer abrir espaço para falar daquilo de que somos constituídos, de nossos desejos, de nossas estratégias, de nossos processos reconstitutivos e transformativos, de nossos desafios. Por isso é um vocabulário que se coloca entre os espaços da política e da criação, para fazer pensar – na intersecção de nossos vocabulários – na articulação dos processos estéticos que são constitutivos de modos de vida, de singularidades, e de realidades comuns. O projeto e o livro-invenção se somam, então, aos espaços que ativam a micropolítica da língua e da linguagem e a micropolítica das expressividades, visto que são espaços produtivos sobretudo da política como criação. São espaços que se valem de um intercâmbio de sensibilidades, da tomada de posições, da negociação de realidades em processo, criando colaborações e proliferando diferenças.

 

Encontros

O projeto Vocabulário Político para processos estéticos aconteceu a partir de encontros. Digo ‘encontro’ no sentido estrito do termo – estarmos juntos, corpos presentes, num mesmo lugar. Mas não sem redefinir estrategicamente encontro como um tipo de espaço que possibilita a intensificação de nossas relações de colaboração e aprendizagem, em que experimentamos formas de produção e de criação. Encontro como Estratégia que combina um estado de afetação mútua com  produção (se é que se pode separar ambos!?). Esse projeto como espaço de encontro colocou em um mesmo espaço x tempo pessoas que já se conheciam, mas também inaugurou a relação entre pessoas que não se conheciam. Realizou atividades abertas ao público com diferentes disponibilidades, intimidade e desejo de produção. De maneira geral posso dizer que o Vocabulário político foi realizado por meio de conversas, proposições, experiências, experimentações e diagramáticas e, posteriormente, pela escrita, edição, concepção e design deste livro homônimo distribuído gratuitamente e difundido pelo site do projeto.

O projeto aconteceu principalmente por meio de quatro formas de encontro: na primeira semana a ‘oficina interna’ no espaço Capacete, da qual participaram cerca de 25 pessoas chamadas por mim (1), mais por um desejo de arranjo ou ‘catalização’ do que de curadoria; a segunda semana com duas oficinas abertas ao público, na Aldeia Gentil e no Pontão de Cultura Digital da ECO – UFRJ; e a terceira forma de encontro pela troca constante com algumas pessoas durante aquelas semanas no Rio, que se tornaram convites para que essas pessoas escrevessem textos específicos para o Vocabulário – como é o caso da Annick Kleizen, que escreveu “Mudez”, e do Tiago Régis que escreveu sobre o Cartografias da Ditadura. Pedro Mendes e Giseli Vasconcelos participaram à distância, eventualmente presentes no skype durante nossa semana de oficina interna. Sanando um encontro que ‘não aconteceu’, alguns participantes que haviam sido convidados para a oficina interna e não puderam participar contribuíram com textos – como é o caso do André Bassères e do Rodrigo Nunes. O quarto encontro do Vocabulário político foram as conversas abertas ao público, com a fala de convidados – Tatiana Roque e Luis Andrade, uma realizada na UERJ e outra na Casa Nuvem, na Lapa. Há ainda uma outra dinâmica, por fora do encontro real de corpos, que faz parte do vocabulário-livro que é a incorporação de três textos já escritos e publicados previamente (o texto Anti-herói Anônimo… de Hélio Oiticica, o Manifesto Afetivista de Brian Holmes e o Glossário do Rhr, por conta da participação de Laura Lima). A incorporação desses textos, contudo, é fruto das trocas que surgiram nos encontros do Vocabulário.

Na primeira semana, em que realizamos a oficina interna, os participantes foram convidados por mim para realizar ‘proposições’, a partir das quais pudéssemos entrar em contato com a produção uns dos outros a partir de experiências e não só a partir de conversações. Entre elas participamos de uma caminhada proposta pela Agência Transitiva (com diversos percursos diferentes e um ponto de chegada comum, no topo de um prédio na Lapa), uma massagem dois a dois proposta pela Juliana Dorneles com exercício de escrita, e no final da semana comemos a estupenda Mujica cozida pela Cecilia Cotrim. Havia mais proposições que não foram realizadas por conta de pouco tempo, ou da minha mediação que não dava conta de intervir no tempo das nossas incansáveis conversações. Ficaram no ar uma audição de funk proposta pelo Davi Marcos, um exercício de teatro por Raphi Soifer, e uma conversa com pequenos grupos sobre o ciclo de manifestações proposta por Pedro Mendes. Eu mesma tinha organizado uma série de dinâmicas pensadas junto com minha irmã e psicóloga Anamalia Ribas, só que não aconteceram, mas ficaram ali ativando outros estados de conversa. Como parte de uma proposição-convite minha, o Ricardo Basbaum participou de uma conversa com o grupo da oficina interna. Acredito que as proposições qualificam outras maneiras de estar junto, e de produzir a partir de um outro espaço, em que nossos conhecimentos e práticas vão se cruzando com os corpos ativados de outras maneiras que não apenas o debate ou a troca intelectual e narrativa. Foi, por exemplo, na caminhada proposta pela Agência Transitiva que um dos grupos encontrou o livro Linguagem Forense, que inspirou Raphi Soifer a escrever o Forense Capenga; a Mujica da Cecilia que me ‘acordou’ para os vários Brazis ; e as incursões de um grupo de participantes da oficina interna na Maré (cuja ocupação militar aconteceu naquela semana da oficina interna), em duas ou três caminhadas, e a partir de onde escreveram o vocabulário Maré.

As oficinas abertas ao público foram também um espaço de encontro e criação, e nelas trabalhamos diretamente perspectivas sobre o ciclo de manifestações. Na primeira nos envolvemos mais com os atores e com estratégias das manifestações, e na segunda com feminismos, maternidade e o movimento trans e queer que vem aparecendo, tomando espaço, criando espaço em meio não só ao ciclo de manifestações mas também em vários contextos e espaços sociais. A partir de cada uma das oficinas abertas ao público surgiram contribuições específicas para o Vocabulário político na sua forma livro, como os textos de Geo Abreu (Humor) e Steffania Paola (Infraestrutura).

Pedro Mendes e Fernanda Kut conceitualizam a noção de encontro na entrada Transdução. Eles vão passando por essa noção ao longo de todo o texto, mas em dois pontos eles falam crucialmente, primeiro, de como a qualidade e a intensidade do encontro, a sua possibilidade de afetação mútua, determinam aquilo que se produz (vida, morte?), e depois, de como o encontro é o “verdadeiro fato social”, sendo não uma ontogênese (na concepção de uma produção controlada da vida), mas a produtividade intensiva e caótica do acontecimento. Em outras palavras, uma heterogênese… em que singularidades bifurcam.

O encontro como espaço de afetação mútua foi, de alguma maneira, o modo como desejei ‘catalizar’ aqueles dias, abrindo outras práticas de grupo que geram atravessamentos nas nossas práticas, e portanto, nos nossos vocabulários. Fizemos uso também de outras “ferramentas” como a Escuta (para além da escuta como capacidade biológica), como escreveu também o André Mesquita, e do exercício de compreender qual seria a nossa Estratégia, segundo Julia Ruiz.  O Check-in e o check-out da Agência Transitiva também foram incorporados. A minha contribuição “metodológica” foi de pensar a Complexidade, ou seja, as relações possíveis entre temas e práticas que refletissem na escolha de conceitos ou expressões que dariam origem aos vocábulos, ou às entradas que surgiram.

Portanto, quando digo que o Vocabulário político aconteceu a partir de encontros, não é a partir de um encontro de corpos no tempo e espaço apenas, mas a partir de outros estados de encontro, de uma certa disponibilidade para a produção e para a criação que poderia afetar também a formalização do Vocabulário político. Por isso o livro feito a partir dos encontros, que se desdobra na prática da escrita – essa matéria de expressão que investigo em Escrever – é um livro-invenção. O livro é ao mesmo tempo a ordenação de vocábulos, ou Entradas, a partir das práticas daqueles que participaram do Vocabulário político, mas também resultado da construção de um diagrama dessas práticas. E o que se produz com isso é, de alguma maneira, uma caixa de ferramentas para processos coletivos outros, mais ou menos relacionados diretamente aos vocabulários políticos e estéticos. O Vocabulário político, como projeto e a partir de sua publicação como livro-invenção, vai então criando mais espaço para intervir e criar em e com os vocabulários políticos e estéticos.

Dois livros foram referência para esse projeto. Eles foram concebidos de maneira semelhante ao Vocabulário político, e circularam nos nossos encontros. Eles são Vocabulaboratoires (2), editado por Manuela Zechner, Anja Kanngieser e Paz Guevara, e Micropolíticas de Los Grupos: Para una Ecología de Las Prácticas Colectivas (3), organizado por Oliver Crabbé, Thierry Muller, e David Vercauteren. Ambos livros são resultado de encontros e trocas, e operam tanto como caixas de ferramentas como um documento/arquivo de práticas e experiências. Micropolíticas em especial é organizado a partir de verbos que caracterizam ações em grupo, ou metodologias para trabalhos micropolíticos…

Como o Vocabulário-livro é organizado

O livro começa com o Índice irremissível, uma listagem sem fim de palavras, expressões, conceitos que foram sendo coletados, registrados, mapeados, filtrados nos diversos encontros do projeto e também a partir dos textos finalizados. O livro contém também uma série de imagens criando uma espécie de bloco que atravessa esse blá blá blá de palavras. As fotos foram capturadas em fluxo nos meios virtuais, tendo de alguma maneira participado e incitado os vocabulários políticos dos levantes de Junho, contexto a partir do qual identifico uma das partidas desse projeto, como disse anteriormente. O miolo do Vocabulário político é formado pelas Entradas que são os textos escritos pelos participantes do Vocabulário político e das oficinas. Poucas Entradas são compostas apenas por imagens e algumas Entradas são interferidas com imagens como ruídos não-linguísticos, e que criam espécies de linhas de fuga para o que é apresentado, como o  Muro, de Lucas Rodrigues e Juliana Dorneles , Sintaxe, de Pierre Garcia e Cavalo, por vários autores.

Duas formas de escrita ou de intervenção foram geradas dentro do livro. Uma delas é a proposição de Radicais que atravessam a leitura das entradas (não sugerimos, e desejamos que o leitor as aplique quando lhe convier), e a outra os Parágrafos, que são a conversa dentro de um texto, gerada por outro autor. Os Radicais são espécies de tags que incitam a leitura de um conteúdo a partir de sua proposição conceitual. Trans, por exemplo, se tornou um potente radical no processo presencial do Vocabulário político, em como ele sugere o atravessamento conceitual ele mesmo de um radical, ao sugerir processos de transformação e mutação (nos processos sociais, sensíveis, perceptivos…), também a partir de como ele toma espaço na atualidade com as expressões transgênero. Os Parágrafos são, por sua vez, interrupções no texto sinalizados por (( asdfg asdfg )), como se pode ver em Infraestrutura  e em Complexidade.

Se espalham pelo livro, nas entradas, também uma série mais ou menos organizada ou sintetizada de pequenos textos, anotações, expressões e definições, sendo alguns deles fragmentos de fatos, relatos, e-mails, pedaços de conversa ou gritos das ruas nas semanas do projeto no Rio de Janeiro. E também transcrições de conversas tantos da oficinas interna como das oficinas abertas ao público. Ao longo do livro-invenção usamos pequenos olhos (desenho da Priscila Gonzaga, designer do livro, pela Editora Aplicação) que remetem a outras entradas, criando uma espécie de hipertexto que sugere que aquela noção específica se refere de alguma maneira ao que está sendo elaborado por outra entrada.

 

O que o Vocabulário político quer fazer?

O projeto tem por objetivo criar espaço para pensar as interseções em nossos vocabulários, num espaço de atravessamento entre práticas políticas, sociais, estéticas, comunicativas, artísticas, etc sem tomá-las todas como iguais ou intercambiáveis. Ou seja, o tipo de espaço que o vocabulário quer produzir é um espaço de heterogeneidade, de atravessamento, em que possamos sair do isolamento da palavra, ou da definição de um conceito, para um campo, ou para campos de práticas. Os vocábulos do livro-invenção, que podem ser também nomeados palavras, conceitos ou expressões, por isso, são chamadas de Entradas, porque são cada um à sua forma uma Entrada nesse espaço plural e em movimento. Os atravessamentos que podem ser provocados entre as práticas políticas, sociais, estéticas, comunicativas, artísticas caracteriza muito do contexto brasileiro das manifestações, um terreno ao mesmo tempo de composição já mista, mas também de uma certa abertura, ou de uma certa promiscuidade. O atravessamento aqui é proposto como produtivo, uma promiscuidade propícia ao surgimento de novas composições, de novas práticas.

O espaço que o Vocabulário político quer criar é mais um espaço de acontecimento de novas práticas, em que os Eventos  do Mundo-rua (Diagrama e Anti-herói Anônimo), sejam também uma fala que interrompe a si, e faz insurgir outros processos singulares e comuns. Dessa forma o Vocabulário político quer participar das transformações que conhecemos pela via dos corpos, da experiência, dos encontros, da criação e da política.

Partindo da perspectiva que a criação é também a criação e a transformação de conceitos ou expressões – marcando uma ramificação não linear entre língua, linguagem e significação – , com esse projeto fazemos um levantamento dos conceitos e expressões que nos mobilizam na atualidade, conceitos e expressões que criamos nós mesmos, ou que transduzimos de outros espaços, estratégias e práticas. O desafio que o Vocabulário político propõe é então conversar (e escrever) sobre as nossas expressões e nossas práticas, aproximando o exercício de fazer um vocabulário do exercício de organizar um glossário, de maneira que essas expressões possam ser compartilhadas e possam ser reapropriadas. Assim, não vemos o Vocabulário político como um projeto que inaugura um modo ou um espaço, mas um projeto que é ele mesmo um espaço de concatenação, ou de “síntese disjuntiva” [conceito anti-edipiano, de Deleuze e Guattari], de outros tantos espaços da criação. O Vocabulário político nos desloca, na sua singularidade, a uma reconfiguração enquanto criadores vocabulosos, menos daquilo que fomos ou somos e mais daquilo que podemos ser e fazer estética e politicamente em uma conjunção temporal, aquilo que podemos juntos vocabulinar.

Vocabulinar não se faz só

Vocabulinar é uma expressão que surgiu naquela semana de oficina interna no Rio de Janeiro. Foi proposto por Cecília Cotrim propondo a penetração em nossos vocabulários como uma espécie de bulinação. (4)

O projeto marca um risco: sair de um campo específico da criação e tomar espaço no plano das multiplicidades. Ou seja, se por um lado se pode pensar que a estética é uma propriedade ou uma função dos objetos e dos eventos artísticos, o Vocabulário político estressa (insiste, propõe) que a estética é uma espécie de efeito ou de função que faz parte da vida ela mesma. Sendo a estética aqui uma atenção na verdade aos processos estéticos, e a concepção de subjetividade uma outra maneira de pensar as individualidades (escapando da definição de sujeitos dados a priori, identitariamente constituídos), ao aportar a noção de processos estéticos estou/estamos observando que uma nova concepção de produção estética é possível, uma que advém da relação ela mesma, em que os processos relacionais produzem diferentes – e porventura divergentes – processos de significação e processos de subjetivação, em que não se parte de um estado neutro, e que os processos de subjetivação se deixam, por sua vez, atomizar no encontro, proliferando sentidos. (Aqui até arrisco pensar que há uma estética do vocabulário político ele mesmo…)

Bem por isso conceber um projeto de um vocabulário é colocar-se na própria nuvem do vocabulário que se produz em um espaço de fala, é evidenciar que eu não falo sozinha, que eu falo junto, pelas coisas dos outros, intercambiando coisas minhas, e falo em direção aos outros, desejando falar junto. Para colocar-se nessa nuvem do vocabulário procuro por um lado ouvir a cada palavra que é expressa no vocabulário político dos corpos e dos movimentos, mas ao mesmo tempo abrindo espaço para expressões que vazam uma certa certeza da política como coisa humano-racional (como ditode alguma maneira por Enrico Rocha em Vizinhança), abrindo um espaço para as composições maquínicas dos corpos, dos vocabulários e, evidentemente, da própria linguagem, que não passa ilesa nesse processo. Falar em um corpo múltiplo pode ser perder os sentidos, mas falar em um corpo múltiplo pode também ser um vocavulvar político, que produz com outros, que fala com e a partir dos animais, máquinas, expressões, timbres, ecos, dissensos… Falar em busca de provocar ritmanalizações (Escuta, André Mesquita, Mudez, Annick Kleizen) com aquilo que é está num espaço extra-linguagem, que brinca com a significação e por aí permite abrir novos sentidos, sentidos políticos, e micropolíticos.

Produzir essa nuvem comum do vocabulário no plano das multiplicidades marca também o desejo de aprender uns com os outros, num espaço que excede nossos glossários pessoais ou coletivos, num espaço que nos solicita um pouco diferentes, inaugurando uns conhecimentos de si e de outros, daquilo que os outros fazem, e do que nós mesmos podemos fazer. Ao desejar um espaço de encontro de falas, não quero criar um espaço para falar pelos outros, mas para incorporar as palavras e moldá-las, e modulá-las, ou colocá-las em um diagrama político em uma trama de complexidade. Colocando as palavras em movimento provocamos o agenciamento das palavras, sua dinamização, seu uso. Os processos de transdução aparecem aqui também. Ao mesmo tempo em que assinamos individualmente ou em duplas (ou ainda alguns textos a várias mãos e gargantas), definitivamente o que surgiu no Vocabulário político é desdo // bramento //s  ou blá blá blá das nossas conversas no Rio de Janeiro, e por isso me faz pensar em como produzimos um “agenciamento coletivo de enunciação” (Guattari), um para-além da identidade dessas individualidades que assinam e para além do grupo que o projeto Vocabulário político  desenha, encontrando o espaço de encontro das ruas, dos encontros, das improvisações, produzindo um corpo plural, incitando enunciações…

Entre aprender e produzir

O Vocabulário político foi formado por um grupo bastante diverso de participantes. O grupo convidado por mim para a semana de trabalho ‘interno’ no Capacete era composto por pessoas de diversos lugares do país (ainda que muito da realidade sobre a qual nos debruçamos tenha sido o Rio de Janeiro, local do encontro) e com distintas experiências. A diversidade construída com esse espaço me parece que foi crucial para provocar muitos atravessamentos nos discursos e o início do intercâmbio de práticas que permitem pensar que há, em algum aspecto, nessa produtividade que surge, um espaço também de aprendizagem.

Por aprender aqui digo diferir, digo abrir um espaço de experimentação em que a gente suspenda a nomeação daquilo que possa nos ser mais caro (‘nosso quintalzinho conceitual!’) e possa provocar aderências outras. Ou seja, uma certa disponibilidade a ser afetado pelo encontro. Os processos do conhecimento, dos quais o aprender faz parte, podem ser pensados diretamente na perspectiva de fazer o mundo, ou seja, de um produzir conhecimento que é concomitantemente o fazer do mundo. Nesse sentido, o aprender não seria uma operação sobre o mundo constituído, mas sim, sobre a própria composição com o mundo. No meu doutoramento (numa universidade inglesa) tenho investigado essas questões sem opor a produção de conhecimento à noção de pedagogia, ou de pedagogia radical, mas focando mais na produção ela mesma e nos processos de pesquisa como também produtivos. A minha proposta aqui com o Vocabulário político, e também com o doutorado, é que quando nos colocamos em uma situação de aprendizagem nos colocamos diferentes, nos colocamos disponíveis, eu diria a esse campo de forças que é o encontro social (e/ou maquínico).

O aprender, nesse sentido, é também produzir. Ou seja, não é ação passiva, nem unilateral, e prescinde, de alguma maneira de uma transversalidade, de uma capacidade de atravessar as concepções mesmas de produção do conhecimento, da arte, da política e de aprendizagem, para encontrar o modo da produção e da criação, e também de um engajamento pessoal, subjetivo (simultaneamente coletivo e individual). É uma transversalidade que se estende aos espaços formais de onde viemos ou que acessamos, criando por isso intervenções, intersecções, transformações… Nesse sentido me vi ‘aprendendo’ a ser uma ‘catalisadora’, e logo depois a ‘editora’ desse livro-invenção. Da mesma forma, me parece que o Vocabulário político serviu como espaço de relatos de experiência e de elaboração de práticas novas ou bastante em processamento para alguns de nós. Tanto os processos de transformação subjetiva como o que se produziu nesse espaço de reflexão se manifestam de diferentes formas na transdução para a matéria ou máquina de expressão escrita, imagética, diagramática, que constitui cada entrada concebida para o Vocabulário político.

Os processos transformativos e que passam pelas matérias de expressão podem ser pensados no plano ou nos percursos de um caos—complexidade. Por exemplo, se num determinado vocabulário os termos em uso por um sujeito estão também no plano do caos, nesse plano do caos do falatório emergem diversos mapas de complexidades – diversas caosmoses – , como diria Guattari. As caosmoses seriam uma espécie de ordenação do plano do caos, um processo que atravessa e compõe com nossas subjetivações, que se entrelaça com nossos discursos, com nossos textos, com nossos engasgos, ora deslocando-os, ora chamando-os a uma recomposição ou uma recombinação. Algumas Entradas, nesse sentido, podem ser pensadas como processos caosmóticos ativados pelo encontro – um saber de si, ou a partir de si, constitutivo de momentos, de mundo… No plano dos vocabulários, diferentes modos de acessar o plano do caos parece poder ser então uma estratégia não só de abrir nossos vocabulários, mas, ao acirrar com o artifiacialismo da fala e dos discursos, fazer mesmo um outro vocabulário.

Fazer um vocabulário?

Nas conversas da oficina interna acho que foi a Graziela Kunsch que notou que eu falava muito ‘intensidade’. E daí me veio que poderíamos produzir um vocabulário que fosse o mapeamento, pela escuta, daquilo que se diz. Uma espécie de levantamento das ocorrências, uma contabilização do que foi mais dito e do que dizemos menos… um software hipotético (já deve existir)… que contabilize quantas vezes dizemos algo, quantas vezes usamos uma palavra, e com quantos sentidos diferentes. Por aí poderíamos mapear também como palavras vão assumindo posições e funções diferentes, ou seja como vamos modulando as palavras de maneira que elas vão se tornando específicas naquelas novas configurações de sentido. Seria um projeto com tom de diagnóstico um tanto interessante, que poderia nos evidenciar os usos políticos e estéticos da língua e da linguagem. Mas fazer um vocabulário a partir de encontros, como disse antes, e a partir de uma coletividade múltipla, é um pouco mais do que diagnosticar e “ler”, semiologicamente, um vocabulário.

Um vocabulário não é a gramática. A gramática é o conjunto todo da língua, normatizado, regularizado, regrado. O vocabulário, por sua vez, é o grupo de palavras, termos, expressões em uso de um sujeito, de um grupo social, ou de uma coletividade. O vocabulário, portanto, não é estático. Ele é um organismo vivo, feito de apropriações, criações, improvisações. O vocabulário se articula livremente com a gramática, e está sujeito aos diversos modos de significação nos processos sociais. Como é então que se pode fazer um vocabulário e formatá-lo em livro-invenção?

O fazer desse vocabulário é então artificialismo, como diz Antonio Negri, artificialismo desafiado o tempo todo pela intersecção constante que provocamos em nossos vocabulários, assim como pela intersecção de tantos outros vocabulários sendo produzidos na atualidade. (5) É uma estratégia de ativar o desejo, de colocar-se em diálogo, de aprender, de produzir, de intervir. O vocabulário é dessas anti-estruturas que não precedem, nem vem depois, não se agarra a nenhum momento, pois ele segue em movimento. Adquirimos e esquecemos expressões, elas perdem o sentido, adotamos outras. Por isso a ideia de fazer um vocabulário me pareceu uma provocação diferente do que fazer um glossário e, partindo da definição de glossário, acho que o que temos aqui é um vocabulário (muito) mais-do-que um glossário, um vocabulário provavelmente caótico ao primeiro olhar mas caosmótico no envolvimento com ele. Ao mesmo tempo que fazer um vocabulário é de alguma maneira olhar com o canto do olho para nossas gramáticas políticas, nossos estudos já sedimentados, nossas técnicas, nossos lugares comuns, fazer um vocabulário é também – depois da turbulência do encontro – reencontrar o estado das definições e dos posicionamentos, dos contextos e das lutas. É uma espécie de desfuncionalização da linguagem para refuncionalizá-la estrategicamente. Assim é, também, o espaço da política como criação. Então fazer um vocabulário é, não trocar vocabulários à revelia, mas fazer passar neles um filtro… Um ‘filtro semiótico’, como disse Guattari.

Guattari fala de um ‘refrão’ para descrever a relação entre a paisagem sonora e os traços de singularidade que expressamos. O refrão pode também ser chamado de ritournelle. Os refrões seriam literalmente aquilo que se repete e que produz pontos de identificação a partir da linguagem em relação ao mundo. O refrão seria uma modalidade de semiotização que permite que um indivíduo receba e emita de uma maneira compreensível, ou comunicável. Em outras palavras, dialógica. (Bifo, 2013)  Contudo não falamos todas as línguas nem falamos ou sabemos todas as variações sígnicas, esgotando uma língua só. Isso não quer refletir o fato de que um sábio possa falar várias línguas ou saber o dicionário de cor e salteado, e que há algo que apesar disso seja ‘mais’ dele, que o caracterize mais em específico. Nem quer refletir o fato de que um poeta ou um louco falem à revelia despreocupados do sentido de suas palavras e dos espaços extra linguísticos que estão sendo provocados. Nem quer propor que há uma verdade absoluta entre sujeito da enunciação e enunciado… O interessante aqui é pensar não só como é que ‘selecionamos’ a partir de nossos ‘filtros semióticos’ aquilo que está significado e é portanto comunicável – e portanto, nos tornamos aquilo que falamos, ou falamos como somos – mas é interessante também aquilo que modificamos, que criamos e reinserimos nas variações semióticas, o que expressa transformações de si que são constitutivas do fora, da participação em uma multiplicidade ou constituição do mundão grande. Portanto, não se trata também de um espaço ‘entre’ o sábio, o poeta e o louco… mas de criar ritmos entre falas entre espaços, de produzir falas estratégicas. O ritmo seria no âmbito social para Guattari a relação entre o corpo (ou a unidade transdutora) e a concatenação social da linguagem. O ritmo estaria colocado entre o caos e a singularidade, e para Guattari cada ambiente, seja ele social, cósmico ou terreno possuem seus próprios ritmos. (6)

O Vocabulário político portanto não é estritamente o espaço da língua ou da linguagem, nem da gramática da macropolítica, é o espaço constitutivo social em que se imprimem e se filtram variações incontroláveis de sentido (o próprio espaço da micropolítica), que podem ser recortadas do fluxo intuitivo de suas falas e produções pelo artificialismo de um mapeamento, que intervém, por sua vez na macropolítica. Por incontrolável não digo que seja uma estratégia por meio da qual não possamos definir os sentidos, mas incontrolável porque os sentidos estão a todo o momento escapando na dinâmica viva dos corpos, dos encontros, da criação e da política. É essa apreensão de sentido único que se perde na abertura dos vocabulários, e que coloca em cheque os campos específicos. Nesse sentido é interessante a definição do comum conceituado por Antonio Negri.  O comum se mistura ele mesmo à ‘multidão’ (um todo heterogêneo e diverso), que o produz. A linguagem é então acessada e transformada na produção do comum. A multidão nessa concepção, é constitutiva porque é produtora de sentidos proliferantes, de seus próprios processos vitais. Pensando um espaço de multiplicidades, quando nos colocamos a sentar juntos e contamos uns aos outros de nossos vocabulários provocamos o exercício de sair do espaço de uma naturalidade e de uma intuitividade dos usos da linguagem e das significações, estamos resignificando e politizando nossos vocabulários. É nesse contexto que o cavalo apareceu como a figura ao mesmo tempo mais misteriosa e mais instigante no processo de criação do Vocabulário político. O Cavalo aqui no Vocabulário político torna-se um processo caosmótico singular, ao qual cada um de nós e todos endereçamos maneiras de ser cavalo, pensar cavalo, montar no cavalo, cavalgar em ideias… O Cavalo se torna o próprio corpo imerso no agenciamento maquínico de uma língua que fala mais do que com palavras (que referenciam um real), e fala mais do que com corpos humanos. Um agenciamento tal em que, por exemplo, naturalismos violentos como “filho da puta” e “vai tomar no cu” são desconstruídos e remixados na máquina social das ruas e dos encontros, e se tornam “meu cu é laico” e “toma da polícia/porque tomar no cu eu te garanto é uma delícia”.

Nesse sentido o trabalho de vocabular não é tanto um embate com interno individual (subjetivismo) nem com um fora puro (aquilo que rouba nossos vocabulários), mas uma ritmanalização constitutiva dos processos sociais, existenciais, criativos. Do embate consigo mesmo, ao mapear o que é que eu digo, como digo, digo deonde, se adiciona um processo de atenção, de análise e de escuta, procurando dizer e fazer falar de uma posição autêntica e ética, que encontra sintonia ou produz ritmo com posições semelhantes no plano das multiplicidades. Abrem-se simultaneamente uma irremissibilidade mas também todo um novo campo de estratégias. Fazer um vocabulário político, afinal de contas, é criar…

Notas

(1) Participantes presenciais do Vocabulário político na oficina interna foram Agência Transitiva, André Mesquita, Beatriz Lemos, Breno Silva, Cecilia Cotrim, Cristina Ribas, Davi Marcos, Daniela Mattos, Enrico Rocha, Graziela Kunsch, Inês Nin, Isabel Ferreira, Jeferson Andrade, Julia Ruiz di Giovanni, Juliana Leal Dorneles, Kadija de Paula, Laura Lima, Lucas Rodrigues, Lucas Sargentelli, Margit Leisner, Raphi Soifer e Sara Uchoa.

(2) Original em inglês. Edição das autoras, 2009. Disponível aqui http://desarquivo.org/node/1681

(3) Essa edição em espanhol. Madrid: Traficantes de Sueños, 2011. Disponível aqui http://desarquivo.org/node/1685

(4) Ao mesmo tempo em que participava do Vocabulário político Cecília fechava a edição da Revista Periódico Permanente no. 5, do Fórum Permanente. O ‘mapeamento’ feito por Cecília naquela edição em muito dialogou com a nossa semana de oficina interna. Referências específicas ao conteúdo mapeado por Cecília estão ao longo desse livro-invenção. A edição está disponível no link http://www.forumpermanente.org/revista/numero-5/capa

(5) No site do Vocabulário político apresentamos uma série de glossários e para-além-de-glossários organizados por vários grupos e em várias linguas. http://vocabpol.cristinaribas.org/sariosglos/

(6) A noção de ritmo aqui se aproxima muito da figura do ritmanalista, proposto por Lefebvre, e arguido por Annick em Mudez e por André Mesquita em Escuta.

 vocabpol em 24092014