aprendizagem // art // art- // alter // auto // como // com- // con // contra // de // para // desarquivo // para // trans // trans // trans- // vizinhança
#radicais
def. 1. #Radicais livres como chaves/sequências de leitura possíveis do conjunto de vocábulos ou seleção direcionada de parte deles. Uma série de páginas no livro (no início ou no final) que traz em lista e/ou diagramas propostas de recortes do conjunto principal. Abaixo algumas sugestões de grupos possíveis (que podem vir a ser outros, é claro):
def.2. Os #radicais são uma proposta conjunta dos participantes do Vocabulário político para processos estéticos. Eles desejam criar leituras transversais às entradas.
#aprendizagem
Cristina Ribas e A Arquivista
Processos de aprendizagem permeiam as práticas artísticas. Interessa ao Desarquivo.org sinalizar agenciamentos nos quais atores (agentes) estão envolvidos em processos de aprendizagem tanto nas relações que fomentam entre si (atores de processos cooperativos, como no caso das estratégias) assim como nas relações comunitárias que criam (através dos diversos eventos).
Toma-se a aprendizagem como movimentos que surgem a partir de si, e para si, ou um saber de si coextensivo a um saber do mundo. (Complexidade) A aprendizagem atua sobre os processos de subjetivação, atua nos processos constitutivos e, portanto, atua sobre uma formação individual em relação direta com formações coletivas. (Escuta, transdução)
Pensar a partir da aprendizagem não significa demarcar um método preciso (um como fazer), mas implica o exercício de uma ferramenta relacional, contingente e constitutiva, que opera a quebra de hierarquias e processos verticalizados (trans), promovendo o encontro de agentes em um estado dialógico e cooperativo.
No Desarquivo.org não se pensa a aprendizagem em modos instrumentalizadores (não é um saber sobre a arte, por exemplo), contudo um saber que produz modos possíveis, modos de subjetivação produtivos criando novas ações, novos rompimentos nas práticas artísticas (eventos e estratégias). #processosestéticos
#art
Lucas Sargentelli
vocábulos que criam atritos com o conceito de arte – propostas que flertam com a possibilidade de uma cura operacional da ideia de arte – propostas que rejeitam o rótulo de arte em suas práticas
#art-
Enrico Rocha
arte: exercício experimental da liberdade. assim propôs o crítico Mário Pedrosa, em 1970, que compreendêssemos o que fazem os artistas. liberdade é também matéria da política. o mundo transforma-se em uma constante tentativa de superação da natureza em direção à cultura. também nas tentativas de superação de estados de dominação de certas culturas em relação a outras. compreendamos liberdade, então, não como a afirmação da vontade de um indivíduo, mas esse movimento coletivo do homem em busca de sua própria humanidade. e compreendamos arte como o exercício, a atividade, que experimenta e dá formas a esse movimento constituinte do mundo, que coloca o mundo em obra. dos artefatos que produzimos às articulações que promovemos, é sempre o mundo que está em obra.
#alter
Lucas Sargentelli
alternativas ecológicas a problemas estruturais – como atuar em escala global, macro? –
#auto #como
Lucas Sargentelli
práticas cotidianas individuais ou coletivas / modos de uso
#com-
Enrico Rocha
conviver, conversar, confiar, comprometer, confabular etc. há diversas ações, fundamentais para a vida comum, que não realizamos sozinhos. as relações de vizinhança são tecidas por ações como essas. é necessário disposição e disponibilidade para conjugar ações com esse pressuposto da existência do outro.
#con
Lucas Sargentelli
vocábulos de conversa fiada – vocábulos-antivocábulos –
#contra
Lucas Sargentelli
pares ou grupos de relação por oposição e/ou divergência
#de #para
Lucas Sargentelli
vocábulos que lidam com a questão do endereçamento – de onde parte e para onde vai – De que lugar você fala? Para quem você diz? – pesquisa do lugar de onde é possível expressar alguma posição
#desarquivo
Cristina Ribas e A Arquivista
O >>>desarquivo é a incitação de tirar algo do lugar de maneira a mobilizar e colocar em relação. Portanto no >>>desarquivo itens e materiais não tem lugares fixos / >>>mobilidade / mas são antes dados a operações e coreografias de relação e aproximação aos demais.
Desta maneira os materiais não guardam relações de propriedade aos >EVENTOS e >ESTRATÉGIAS aos quais se referem, recuperando algo que fica à espera… O >desarquivo é antes essa ação de endereçamento e relação, de incitação de algo sempre contingente e parcial, passível de participação em outras reativações e contaminado do momento em que a operação de desarquivamento ocorre.
O >desarquivo é sempre diferencial: ou seja, cada operação de desarquivamento torna-se um novo agenciamento. Sua imagem é antes a de uma monotipia do que a de um negativo. Há uma transmissividade possível naquele >DOCUMENTO >TEXTO >IMAGEM acessado, que se faz gravação sempre nova e desmedida. O arquivo prescinde de um gesto que se desfaz no >desarquivo.
#para
Cristina Ribas
Coisa que é feita para outra coisa. Processo transicional. Incitativo. Aquele trabalho como se disse: na economia do desejo. Pensamos o Vocabulário para, eu pensei, para algo que venha a seguir, em seguida, que surja. Para existe antes como projeto, como protótipo de algo real. Falar do para é não falar de razões estabelecidas a priori, mas falar que, a partir dos modos como se faz, pode-se fazer algo acontecer.
Onde. Para é coisa provocadora de afeto. Se quisermos (é necessário) localizar onde. Mas esse onde é processo, é coisa encontro, entre duas coisas ou mais. É composição.
Risco do Vocabulário. O para é seu risco. Tanto de parar, como sugere se fosse verbo, estagnando como algo que significa (arte) e não funciona, não utilitariza, não funcionaliza. Para, funcionando, coisa importante dos processos políticos, para os processos estéticos. Coisa estado que se coloca entre um processo e outro.
#trans
Lucas Sargentelli
propostas infraestruturais para o conjunto de relações entre os demais vocábulos
#trans
Inês Nin
conceber um SAIR do LUGAR implica sob certo sentido em uma superação. como ir além da experiência anterior; um ponto que impulsionado por MOVIMENTO gera uma outra situação.
transcender um momento disforme, pouco funcional, mambembe. desfazer uma certa dormência, reentender todos os processos. misturar a disposição dos intelectos.
uma bússola revirada, e revigorada.
em viagens recentes fiz questão de carregar uma bússola, companheira tão amiga quanto a lanterna e uma mochila gordinha, um pouco alta. apetrechos úteis, talvez neste caso ainda mais úteis enquanto ideias de viagem, desejos de nomadismo. vontades de incorporar um personagem explorador: expedito azuis, aquele que age, despachado viajante. procura caronas, aprende a voar. povoa de cores e florestas uma paisagem, ela mesma enquanto imagem de sossego e desafios, abrigo, localizada mais DENTRO do que FORA, para falar de coordenadas. desejos, como as praças e os lugares, se confundem. nada é só um mesmo, coisa afável e distinguível das demais.
ir além implica em transitar. na contramão dos engarrafamentos*, caminho sem pressa, atravesso pontes e escalo prédios. se trata de superar expectativas, por adquirir rumos truncados, incertos demais para especular. nada mais que um treino, até que saiba não existir em espera nem planejamentos complexos, mas sim em processo, corrente, que flui e escorre das calçadas, só anda a pé.
de uma precisão de rejuntes: extrair a simplicidade das coisas. descomplexificar, como um processo químico. para tal, é necessário desprogramar, repensar todos os sistemas e métodos vigentes. desordenar. haverá necessidades de; e se fizer de outro modo; se é verdade que preciso tanto; o solo mesmo não se refaz? composição. assimilar as cores do local, a partir dele construir e só. em volta, são tantas as coisas que estimulam a perda sem rumo, o caminho mesmo do cristal, do arranha-céu com tv de plasma e correrias.
transição. transitivo transitar dos entes mistérios, minérios, ritmos próprios constituintes da tábula rasa da monotonia. monotipia, rumos em vão: tantas técnicas e só vejo uma cor. ruído de voltagens, confunde nossos cérebros.
x
trans é um radical queer. que se situa para além dos sistemas, da compreensão costumeira dos entrecoisas. costura bordados e ri do próprio desatino, desconversa, nunca se saberá ao certo onde vai. pode assumir caracteres absurdos, atravessar a amazônia, se transformar.
transtornos são possíveis, aspectos sinceros que vêm à flor da pele, se perdem. água e animais, super gêmeos ativar, sempre outra coisa que não a esperada. x, que não tem gênero nem classe, assume formas variadas de acordo com a situação. estratégia faz parte de sua estrutura desestruturante – preparada para transcender as maiores crises, entrar em transe, alucinar.
*processos lúdicos que implicam em engarrafar carros e pessoas, como consequência de um equívoco histórico. são intensos, memoráveis e até mesmo hilariantes, tão presentes no cotidiano de cidades populosas. paradoxalmente, quando se procura saber a respeito do estado dos engarrafamentos locais, fala-se em informações sobre o TRÂNSITO.
#trans-
Enrico Rocha
transformação: talvez essa seja a condição formal de nossa existência. uma experiência transitiva. cotidianamente agimos sobre o mundo, incluindo nosso próprio corpo, para que ele se transforme, ainda que nossa ação seja para manter o mundo aparentemente o mesmo. experimente não escovar os dentes ou não varrer a casa ou não coletar o lixo, por exemplo. e pense que outras ações podem ter consequências menos diretas, mas que também são transitivas, transformam uma situação em outra, ainda que seja para manter a aparência, a mesma forma como se dá aos sentidos, a mesma condição de partilha. daí, conclua que há também ações que transformam uma situação em outra provocando diferenças. quero crer que a arte e a política são ações transformadoras nesse sentido da produção de diferenças.
#vizinhança
Enrico Rocha
a partir do seu lugar, possivelmente, você perceberá o lugar do outro. sua reação pode ser de quem reconhece uma ameaça, o mundo pode está cheio delas; ou um vizinho, o mundo pode ser uma imensa vizinhança. diante de uma ameaça, não há muito o que fazer, ou você foge dela ou você a enfrenta, geralmente com violência. em uma relação de vizinhança, você negocia o que é comum, as aproximações e também as distâncias necessárias. aqui, a vizinhança poder ser considerada o lugar que você mora, a cadeira do ônibus que você compartilha, a rua que você ocupa em dias de manifestação etc. bom pensar que uma boa política de vizinhança deve partir de relações recíprocas. bom acreditar que entre a guerra e a diplomacia colonizadora há outras relações de vizinhança possíveis. em qualquer escala.